Hyundai Creta N Line quer conquistar clientes pelo visual, e não pela esportividade

3 DE FEVEREIRO DE 2023 Notícias

SUV se inspira em esportivos como i30 e Veloster para ter (ainda) mais personalidade, mas é equipado com motor 1.0 turbo.

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Hyundai Creta N Line - Foto: Divulgação

N, RS, M e AMG… Parece uma sopa de letrinhas, mas essas e tantas outras siglas servem para classificar divisões esportivas de marcas tradicionais. Não se engane, pois nem todas as sopas são servidas com pimenta. Algumas delas estão no cardápio apenas pela aparência mais apetitosa — e o Hyundai Creta N Line, nova versão do SUV que chega às lojas por R$ 169.590, é um bom exemplo disso.

 A Hyundai dá duas explicações sobre a escolha da letra N para sua subdivisão esportiva, criada em 2016. A primeira delas é uma homenagem ao bairro de Namyang, na Coreia do Sul, onde a marca foi concebida.

Outra explicação é uma referência à pista de Nürburgring, onde a marca tem um centro de desenvolvimento. Todos os carros da linha N são testados no traçado alemão, mas o Creta N-Line nunca sonhou com essa possibilidade.

Isso porque a nova versão do SUV tem o sobrenome Line e não traz o tempero esportivo de outros carros da linha N, como i30 e Veloster, mas ainda oferece uma receita mais arrojada. Não o confunda com um rival do novo Fiat Pulse Abarth, pois ele está bem longe disso. O Creta N Line está mais para um AMG-Line, S-Line ou R-Line.

Vamos às novidades, uma vez que o novo Creta adotou um estilo que muda bastante o seu visual. A principal atualização está na grade frontal, que tem novo formato e uma textura que imita a dos novos carros da marca. Os faróis de neblina agora têm forma de triângulo invertido e a iluminação principal, full-LED, recebe acabamento fumê.

As novas rodas de 17 polegadas têm detalhes exclusivos que destacam três dos seis raios, como se fossem lâminas. A parte superior lateral do Creta exibe um aplique preto que destaca ainda mais o teto, que é pintado na cor do carro.

Na traseira, a principal mudança está no para-choque com formato exclusivo, além das duas saídas de escape “fake”. No geral, dá para dizer que essas mudanças acabam dando ainda mais personalidade (controverso?) ao design, seja isso bom ou ruim.

A aparência é diferente, mas o sabor é o mesmo. Isso fica claro pelo interior, que é idêntico ao do Creta Ultimate (versão mais cara) e incorpora um pacote de equipamentos bem generoso.

O painel de instrumentos é totalmente digital e a central multimídia de 12 polegadas chama bastante a atenção pela interface descomplicada. Tem até GPS nativo, um recurso que está caindo em desuso na maioria das montadoras. Mas é melhor usar o Waze ou o Google Maps pelo pareamento de smartphones.

O painel é feito de plástico, porém a Hyundai compensa a simplicidade do material com boas texturas. O volante revestido de couro tem toque suave e boa empunhadura. O banco é confortável e veste bem o motorista, além de oferecer refrigeração para os dias mais quentes.

Para justificar o N da versão esportiva, a Hyundai mexeu na suspensão do Creta. Os amortecedores estão levemente mais rígidos para mitigar a rolagem da carroceria em curvas rápidas. Diria que a mudança é quase imperceptível e até desnecessária, já que o Creta sempre foi muito bem resolvido na suspensão.

O SUV filtra bem as irregularidades do solo e não raspa em valetas, lombadas e rampas. Outra evidência de que a Hyundai pretende fisgar novos clientes pelo visual, e não por uma proposta esportiva, está debaixo do capô.

O motor 2.0 aspirado de 167 cv e 20,6 kgfm de torque foi preterido pelo 1.0 turbo, que tem 120 cv de potência e 17,5 kgfm de torque. Ambos funcionam com câmbio automático de seis marchas.Ou seja, a marca deixou de escolher o motor que faz seu SUV acelerar até 100 km/h em 9,3 segundos para manter uma unidade menos potente, que cumpre a mesma marca em 11,5 s. Mas, deixando os números de lado, a dirigibilidade do Creta 1.0 agrada bastante.

O SUV coreano não vibra tanto e entrega seu torque cheio a apenas 1.500 rpm. Tem fôlego suficiente para encarar subidas íngremes na cidade e retomadas seguras na estrada.

O câmbio faz intervenções inteligentes e preza por manter as marchas mais altas, mesmo na cidade. Segundo o Inmetro, o Creta 1.0 faz 8,2 km/l na cidade e 8,9 km/l na estrada com etanol e 12 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada com gasolina. O consumo rodoviário poderia ser melhor se o Creta tivesse câmbio de sete marchas.

A impressão geral é positiva. O Hyundai Creta N Line está longe de lembrar os esportivos que a marca vende na Europa e na Ásia, mas torna-se uma alternativa mais arrojada ao já destemido SUV. Uma versão com motor 2.0 até que faria sentido do ponto de vista de desempenho, mas talvez esse não seja o objetivo.

Espero que a Hyundai se inspire e também faça uma versão N para o — agora bem resolvido — HB20 em moldes mais agressivos que os anteriores R-spec e Sport.

Fonte: Auto Esporte Globo

 

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